É.
Vou falar aqui de um universo que não é o meu.
Do qual imagino fazer parte só daqui uns 12 ou 13 anos.
Como as coisas mudam...
Digo no quesito comportamento e lugar na sociedade.
Explico.
Fomos a uma festa de 15 anos no final de semana.
Daquelas festas com tudo o que se tem direito, sabe? Quase um casamento.
Tá.
Mas acontece que me pus a observar a quantas anda a relação meninos X meninas hoje em dia.
E fiquei num misto de curiosa, indignada, satisfeita e saudosista.
Explico de novo.
As meninas TODAS estavam de vestidos curtíssimos, brilhantes, decotadérrimos, da moda. Sapato de saltíssimos, modelo TOP, cores vibrantes, da moda. Montadíssimas, cabelo, maquiagem, bijus, da moda.
Nada que não seja o normal. Ok. Concordo.
Mas não foi só aparência que me chamou a atenção.
A grande maioria ficou sentada a noite toda. Convenhamos que é salto demais pra aproveitar uma balada. Mas cá entre nós, esse é o tipo de sabedoria que se adquire com o tempo... e elas tem muuuito tempo pra descobrir isso.
Mas o problema é que o X da questão não é o salto em si nem a dor no pé.
É que elas estavam lá. Quietas, esperando. Esperando ser notadas, avaliadas, analisadas pelos meninos.
Aaaaaa... esses sim. Na moda também. Mas de calça jeans e sapatênis. Num conforto absoluto. Muito gel no cabelo pra combinar com a camiseta básica branca.
(Opa! Essas aí, são um clássico desde a minha época)
Eles, por sua vez, flanavam pelo salão como se a festa fosse deles. Olhando de cima, de baixo, de cima pra baixo. Jogando suas Bieber-franjas pro lado que lhes interessasse.
A pista de dança era só deles. As meninas se espremiam pelas bordas pedindo um pouco de atenção. E não só deles. Mas atenção que toda mulher quer e precisa quando se arruma pra sair, quando se sente bonita. E isso em qualquer idade, viu?!
Aí fiquei eu, com essa mania de mãe/jornalista/mulher analisenta.
Primeiro que no meu tempo não era assim (ai que velha).
Era só a gente aparecer sem o uniforme do colégio e ter um pouquinho mais de personalidade pra não ficar segurando a vassoura em nenhum momento da festinha (ai, sou velha mesmo).
Depois de um tempo, nas baladas, o principal era dançar, e os rapazinhos (sou uma velha cacarequenta) é que olhavam, se insinuavam, arriscavam aproximação.
Os meninos sempre estavam em volta das meninas, pedindo atenção, com certa timidez, enquanto a gente tomava conta do salão, da festa, das conversas.
A mulherada-mirim é que decidia se ia usar a pista de dança ou não. Sobrava espaço pra dançar com os braços e as pernas e ainda fazer um charminho, já que eles olhavam pra gente. Sim, olhavam.
Lógico que a gente se arrumava, se preocupava com a moda, com a cor, a maquiagem, mas que eu me lembre isso não era preocupante. O grande lance era se divertir, mesmo que pra isso fosse necessário ficar descalça.
Ah! Taí outro ponto. Vi inúuuumeras meninas mancando, se arrastando, se escorando até o momento das tão esperadas havaianas. Lembrança certeira de qualquer festa que se vá neste século. E elas só se sentiram a vontade bem no finalzinho, quando a cerimonialista decidiu que era a hora de distribuir as sandálias de borracha.
Ficar descalça? Que mico! (se é que esse termo ainda existe)
Diversão?
Tá bom que esse é o jeito dessa geração se divertir. Não recrimino nem abomino.
Mas fui embora as 5 da manhã e não vi, em momento algum, uma paquera, uma conversa envolvendo ambos os sexos.
Olha lá, hein? Não tô pregando aqui que as meninas ou os meninos devam entrar em contatos imediatos, assim, ficando, beijando, transando. Não. Cada um resolve a hora que é A hora. Cada um sabe se é cedo ou tarde. E cada pai e mãe sabe a maneira de conversar isso com as crias.
Eu tô é falando aqui da sociabilidade. Do contato saudável entre amigos, entre pessoas da mesma idade. De meninos e meninas com algo em comum.
É um fato curioso que depois de tanta luta feminista, conquista e tals, as meninas de 13, 14 ou 15 anos se espremam a esperar que algum menino libere espaço na pista ou na festa para que elas brilhem.
...
O satisfeita lá de cima????
Explico mais uma vez.
Tenho um filho, que em alguns anos vai se tornar um menino, e se tudo correr bem, vai ser convidado para festas, bailes, viagens. E se ele herdar toda a segurança masculina dessa geração e souber usá-la para o bem, não vai ser de todo ruim.
E que Deus me dê sabedoria para ser uma boa educadora e mãe... e uma excelente sogra...